"UE parece uma democracia, mas está longe de o ser"
O Partido Pirata sueco fez sensação ao eleger um deputado nas europeias de 2009. Qual a sua opinião sobre a União Europeia (UE)?
A UE não é uma democracia. O Parlamento Europeu (PE) não tem qualquer poder de iniciativa legislativa. Só a Comissão. A UE parece uma democracia, tem elementos democráticos, mas está longe de ser uma democracia. Só quando o PE tiver o poder de criar leis é que se poderá falar de democracia. Outro elemento essencial seria a criação de um registo do sentido de voto de cada eurodeputado para responsabilizá-los pelas suas decisões.
Como vê fenómenos como o Syriza na Grécia ou o Podemos e o Ciudadanos em Espanha?
São um sintoma da falta de representação popular que deve ser levado a sério. Poderia ainda acrescentar o movimento de Beppe Grillo em Itália, mas o ponto essencial é a questão da falta de representação, que é sentida de forma particular pelos mais novos. Estas gerações, pura e simplesmente, sentem-se desiludidas, desapontadas com os partidos tradicionais. Para elas, os candidatos destes partidos não os representam e nem se preocupam em irem votar. E quando aparece alguém que os faz acreditar numa mudança, a partir de um conjunto de ideias, como aquelas que nós defendemos, esse alguém encontra apoios. Há um fenómeno de identificação com essas pessoas. Mas a questão decisiva para o Syriza, o Ciudadanos, o Podemos, o movimento pirata é se estes partidos vão sobreviver à primeira mudança na liderança.